segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Lagoa Abaeté




A noite tá que é um dia

Diz alguém olhando a lua

Pela praia as criancinhas

Brincam à luz do luar

O luar prateia tudo

Coqueiral, areia e mar

A gente imagina quanto

A lagoa linda é

A lua se namorando

Nas águas de Abaeté

(Dorival Caymmi - "A Lenda do Abaeté")

A lagoa de água escura cercada de dunas de areia branca, imortalizada pelas canções de Dorival Caymmi, é a grande atração de Itapoã. Um dos mais conhecidos cartões-postais da cidade, a Lagoa do Abaeté resulta do represamento de antigos rios que corriam na região e do acúmulo de água de chuva. Uma curiosidade é que a água tem temperatura diferente em vários trechos, resultante de correntes que não se misturam. A profundidade chega aos cinco metros, e a coloração escura é determinada pelos minerais e microorganismos presentes em toda a extensão da lagoa. As dunas são formadas pelo acúmulo de areia vinda da Praia de Itapoã e adjacências foram emolduradas, com o passar do tempo, por cobertura vegetal. Essa vegetação desempenha um importante papel na preservação da flora local, e entre as espécies mais encontradas estão orquídeas (algumas de espécies raras) e árvores frutíferas, como goiabeiras e cajueiros. A área de Proteção Ambiental desde 1987, é um dos maiores centros de lazer ecológico do Nordeste.O Parque do Abaeté ocupa uma área de 400 hectares, e desde que foi criado, em 1993, passou a ser um importante pólo de lazer ecológico de Salvador. A área urbanizada, quase metade do total do parque, reúne atrativos, naturais e culturais, como Casa da Música, lanchonetes, restaurantes, lojas de artesanato, playground e 17 quiosques para a venda de coco e de comidas típicas. Na Casa da Música da Bahia estão reunidos documentos que contam a história da música baiana, em acervos de música, vídeo, fotos, livros e instrumentos musicais. Logo na entrada quem recebe os visitantes é a "fobica", utilizada por Dodô e Osmar na criação do trio elétrico, decorada como na época. Tem também a Casa das Lavadeiras, uma iniciativa para evitar a poluição da água com lavagem de roupa sem retirar do local as mulheres que há anos sustentam as famílias usando a água da lagoa. Para tornar a labuta menos árdua, as lavadeiras costumam cantar e organizam festas religiosas. O Abaeté é, inclusive, porto de diversas manifestações de cultos afro-baianos, que utilizam o local para deixar oferendas a Oxum, o orixá da água doce. E palco de lendas também: uma delas conta que, às margens da lagoa, é possível ouvir sons de atabaques de candomblé sem que se identifique sua origem. Um resgate dessas lendas foi feito a partir de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Salvador e o bloco afro Malê Debalê. Estudantes entrevistaram lavadeiras, moradores e pescadores do bairro e escreveram o livro Lendas e magias da Lagoa do Abaeté, que está sendo utilizado como material didático na rede pública de ensino. Esse é apenas um dos projetos de resgate da história do bairro, já está em fase de preparação a próxima publicação: História de Pescadores.

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