quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Casa da Música de Itapuã

Casa da Música 


“O Museu da Imagem e do Som do Abaeté”. Esse era o titulo do projeto inicial da Casa da Música, que foi inaugurada em 03 de setembro de 1993, juntamente com as obras de recuperação do Parque Metropolitano Lagoas e Dunas do Abaeté, com o objetivo de abrigar acervos (literatura, instrumentos musicais, objetos) que retratem a história da música baiana. Hoje a Casa da Música é um Espaço Cultural que tem como principais desafios fomentar a produção cultural da comunidade e contribuir para a democratização do acesso a cultura. Realizamos dentre outras atividades: Exposições temporárias, Saraus e Bate Papos Musicados, sempre com temas ligados a música.
O Blog tem como objetivo divulgar as ações que acontecem na Casa da Música, que tem como missão a preservação da memória da música baiana e fomento à cultura na região.
A casa da Música fica localizada no Parque Metropolitano do Abaeté s/n Itapuã. Funcionamos de terça a sábado das 9h ás 17 e aos domingos das 9h ás 16h.

Lenda do Abaeté-- Dorival Caymmi


No Abaeté tem uma lagoa escura
Arrodeada de areia branca
Ô de areia branca
Ô de areia branca

De manhã cedo
Se uma lavadeira
Vai lavar roupa no Abaeté
Vai se benzendo
Porque diz que ouve
Ouve a zoada
Do batucajé

O pescador
Deixa que seu filhinho
Tome jangada
Faça o que quisé
Mas dá pancada se o seu filhinho brinca
Perto da Lagoa do Abaeté
Do Abaeté

A noite tá que é um dia
Diz alguém olhando a lua
Pela praia as criancinhas
Brincam à luz do luar

O luar prateia tudo
Coqueiral, areia e mar
A gente imagina quanta a lagoa linda é

A lua se enamorando
Nas águas do Abaeté
Credo, Cruz
Te desconjuro
Quem falou de Abaeté
No Abaeté tem uma lagoa escura 

Itapuã nas Antigas

Farol de Itapuã













Igreja da praça de Itapuã











Sereia de Itapuã











Lagoa do Abaeté












Orla de Itapuã










Itapuã ( mais ou menos em frente a delegacia de Policia Civil)

-MALÊ DE BALÊ

O Malê Debalê é um bloco-afro de Carnaval da Bahia em Salvador (Bahia).
O bloco conta com cerca de quatro mil integrantes e foi fundado em 23 de março de 1979 por um grupo de moradores de Itapuã que tinham o desejo que seu bairro pudesse participar do carnaval de Salvador, capital do Estado da Bahia.
Criado com inspiração na população descendente dos Malês povo de  origem africana de religião muçulmana que lutaram na Revolta dos Malês contra o sistema escravocrata brasileiro.


Atrativos de Itapuã

- PRAIA DE ITAPUÃ
A praia de Itapuã dista cerca de 35 Km do centro de Salvador. É uma praia de águas tranqüilas, boa para canoas e jangadas, com areia grossa e uma bela visão da cidade, ao longe. Por ser cercada por uma barreira natural de recifes, antes da existência do Farol costumavam acontecer vários naufrágios na região.

- PRAIA DO FAROL
Perto do Farol, a praia também é conhecida por algumas letras, que eram as antigas denominações das ruas da área, como Rua K e Rua J. O mar é cheio de pedras, podendo formar piscinas naturais ou se tornar agitado conforme a maré. A praia do Farol é porto de barcos, e também o local preferido dos surfistas.

- PRAIA DE SÃO TOMÉ
Hoje conhecida como “Praia de Piatã”, essa praia tinha o antigo nome de “Praia de São Tomé” por causa de uma lenda relacionada à aparição do santo no local. Desde muitos anos, essa praia é freqüentada por religiosos, que visitavam a capela (hoje extinta) e o cruzeiro que existe perto dos coqueirais.

- COQUEIRAL
A beleza e a sombra dos coqueirais de Itapuã, citados nas obras de Dorival Caymmi e Vinícius de Morais, eram um atrativo a mais que ornava toda a extensão da Praia de Itapuã até a Praia de São Tomé. Hoje, boa parte desse coqueiral se encontra desmatado. A presença do coco em abundância influenciou a gastronomia local, desde o preparo da moqueca até às guloseimas, como o beiju e a cocada.

- LAGOAS
A Lagoa do Abaeté é um dos ícones mais sagrados de Itapuã, havendo diversas lendas a seu respeito. Por muito tempo, a lagoa foi uma das principais fontes de renda das pessoas do bairro, que a usavam para pescar e lavar roupas, além de ser um lugar onde até hoje acontecem diversas manifestações artísticas e religiosas. A lagoa tem águas escuras em forma de um funil. Segundo moradores, possui diferentes níveis de temperatura que não se misturam: em cima, a água tem temperatura natural; no meio, a água é quente e, no fundo, é gelada. Seu fundo, formado por sedimentos e areia, costuma ser descrito como “pegajoso”. Antes, a Lagoa era rodeada por frondosos cajueiros e outros tipos de árvores que foram desmatadas com o tempo. Devido às construções que começaram a se erigidas em seu entorno e à mudança do seu ecossistema, a Lagoa tem diminuído de tamanho progressivamente. Além da Lagoa do Abaeté, outras famosas na área são: a Lagoa Dois-Dois, uma lagoa temporária que apresenta água transparente, a Olhos D’Água e a Cacimba, que viraram posteriormente nomes de rua, e a Barragem, que era a antiga fonte de água potável para a região. Outras lagoas são: Urubu, Abaeté - Catu, do Toco, das Trincheiras, dos Pombos, das Casas, do Core, da fonte da Praia, dos Milagres e do Canal.

- DUNAS
São depósitos que tiveram origem há milhares de anos, com a participação dos movimentos do mar, dos rios e do vento. A areia alva e fina das dunas costumava cobrir boa parte do solo de Itapuã. Além disso, ainda hoje vão além dos limites da cidade, fazendo divisa com o município de Lauro de Freitas, área pertencente à Aeronáutica, podendo ser vista sua extensão pela Praia do Flamengo. Por causa do número de construções que têm sido feitas na área, o tamanho das dunas diminuiu consideravelmente e, por causa da mudança do ecossistema, boa parte da área também está coberta pela vegetação.

- MORRO DO VIGIA
O morro, considerado um dos pontos mais altos de Itapuã, constituía-se em um atrativo natural que possuía uma vegetação exuberante, sendo um ponto de observação para verificar a chegada de embarcações, além de ter servido como ponto de referência do bairro. Hoje, grande parte de sua área já foi invadida.

- PEDRAS
A “Pedra que Ronca” é a mais famosa das pedras de Itapuã. Localiza-se nas proximidades da rua K, perto do Farol de Itapuã. Contam as lendas que, antigamente, quando as ondas batiam nessa pedra, ouvia-se um barulho assustador, semelhante a um ronco, que fazia as pessoas se esconderem nas
suas casas. Muitas pessoas, inclusive, defendem a idéia de que “pedra que ronca” seria o significado original da palavra “Itapuã”. A Pedra da Beraba e Pedra da Sardinha ficam localizadas nas proximidades da Av. Dorival Caymmi, cerca da Pedra Redonda: esta localiza-se próxima ao monumento da Sereia. A Pedra Goodyear está localizada perto Colégio Estadual Lomanto Junior e é também conhecida como “Diogo Dias”. A Primeira Pedra (Itapuã Grande) e a Segunda Pedra (Itapuã pequena) ficam situadas nas proximidades do Farol. Piraboca: é a pedra em que foi erguido o Farol. Ainda é possível encontrar outras pedras no trecho Itapuã-Boca do Rio, como: Amendoin, Tanhaçu, Cabeça de Nego, Pedra do Sal, Escorrega e Cai, Alentáceos, Vermelha e São Francisco.

- FAROL
Quinto farol a ser erguido na Bahia, e quadragésimo segundo no Brasil, o Farol de Itapuã foi erguido sobre a pedra de Piraboca, em 07 de dezembro de1873. Servindo como um orientador aos navegantes, o farol tem 21 metros de altura, e pode ser visto desde a distância de 14 milhas. Uma vez que essa área é cercada por recifes, essa orientação é fundamental para proteger as embarcações do risco de naufrágio. A Torre do Farol já foi roxo-terra, depois branca e laranja e, por fim, desde a década de 50, a torre é vermelha e branca. Com o tempo, o primitivo equipamento foi sendo substituído por tecnologias mais modernas: em 1923, o Farol recebeu o eclipsor que acende e apaga automaticamente e, a partir de 1939, passou a contar com uma válvula solar. Hoje, com 132 anos, o Farol de Itapuã continua sendo um importante referencial de patrimônio material e cultural do bairro.

- PARQUE METROPOLITANO DO ABAETÉ
A primeira tentativa de preservação dessa área ocorreu em 1987, com a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) Lagoas e Dunas do Abaeté. O Parque Metropolitano do Abaeté, por sua vez, foi criado em 1993, com uma estrutura que contém como núcleo central um Centro de Atividades, a Casa das Lavadeiras e a Casa da Música, além de 2km de vias para caminhada,17
quiosques, dois estacionamentos, um terminal turístico para ônibus e um playground para as crianças brincarem.

SEREIA DE ITAPUÃ
Um dos principais símbolos do bairro, o monumento da sereia está localizado em um ponto central, no cruzamento entre as Avenidas Otavio Mangabeira, Dorival Caymmi e a Rua Aristides Milton. O monumento foi construído pelo artista plástico Mario Cravo em homenagem aos pescadores e aos elementos que identificam o mar. A sereia mede aproximadamente 1,5m, é feita de ferro
batido, pintada de prata e assentada em uma pedra de granito. O monumento foi instalado em 1958, quando existia uma placa escrita “Bem vindo a Salvador” em 5 idiomas (português, francês, alemão, inglês e italiano). A placa e a sereia foram retiradas com o projeto de Valorização da Orla, sendo reposta depois de seis meses apenas a sereia.

- ESTÁTUA DE BRONZE DO POETA VINICIUS DE MORAES
A estátua foi encomendada pela Fundação Gregório de Mattos (FGM) ao artista plástico Juarez Paraíso, que contou com a participação de Márcia Magno, Renato Viana e Paula Magno na obra.

- MONUMENTOS DE CALASANS NETO
Trabalhos de Calasans Neto, artista plástico e morador de Itapuã, enfeitam o popular “Largo de Cira” ”, em frente ao shopping Quiosque de Janaína, com uma praça no final da rua que leva o nome do artista.

LARGOS E PRAÇAS

- PRAÇA DORIVAL CAYMMI
Foi inaugurada, em 1953, em homenagem ao músico e compositor Dorival Caymmi, que deu visibilidade ao bairro com suas canções. A praça é um dos lugares mais movimentados do bairro, e localiza-se entre a rua Aristides Milton e a rua Genebaldo Figueiredo, em frente à Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Itapuã.

- PRAÇA VINICIUS DE MORAES
Inaugurada em 2003, na área do Farol de Itapuã, perto de onde o poeta e compositor costumava morar, a praça foi idealizada para servir à comunidade do bairro como um espaço público de lazer e cultura. Possui jardins, dez bancos de madeira e piso de concreto, paralelepípedos e detalhes em granito.
Além disso, existem dez totens com as letras de suas músicas mais importantes e trechos de poemas famosos do poeta, além de uma pequena biografia e monumento em sua homenagem.

- PRAÇA ÁUREA TEIXEIRA BARBOSA
A praça fica em frente ao Mercado de Itapuã e foi construída em 2004, quando a Feira de Itapuã foi deslocada para a Nova Brasília. Apesar de possuir bancos de madeira e concreto, atualmente a praça funciona mais como um ponto de passagem para as pessoas que se deslocam naquela área, que possui um comércio movimentado.

- PRAÇA CARLOS BASTOS
Mais antigo morador da Pedra do Sal, o artista plástico, Carlos Bastos, foi homenageado com uma praça que leva o seu nome. A praça Carlos Bastos é hoje conhecida pelo monumento que o próprio artista fez há 10 anos. A escultura começou a ser feita em 1994, sendo concluída em 2002.

- LARGO DO JENIPAPEIRO
Nas proximidades do Largo do Jenipapeiro, existem diversas construções da época em que o bairro era só um pequeno arraial. Na rua Manuel Lisboa, por exemplo, existe uma casa construída em 1949, cujo primeiro morador se chamava Avibal Agripino Bragança. O morador atual da residência se chama Antonio Martins.

IGREJA E RELIGIÃO

- CAPELA DE SÃO FRANCISCO
A Capela foi erguida no século XVIII por ordem de Francisco Dias D’Ávila, para abrigar a imagem de Santo Antônio Argoin, que apareceu entre os destroços de um naufrágio na região. Situada no cemitério de Itapuã, que fica na atual Vila dos Sargentos, a capela continua sendo freqüentada, embora os fiéis não mais realizem Lavagens e Procissões em homenagem a São Francisco, como no passado.

- IGREJA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE ITAPUÃ
Localizada onde hoje é a praça Dorival Caymmi, a principal igreja de Itapuã começou como uma capela de pescadores, em 1625, ganhando a categoria de “paróquia” somente em 1815. A Igreja é um dos mais importantes patrimônios históricos e culturais de Itapuã, com valiosas imagens de Santo Antônio, Nossa
Senhora da Conceição da Praia de Nossa Senhora de Sant’Ana. Ainda possui, como dependências, a Capela Sagrado Coração, localizada na rua Juiz Orlando Melo, e a Capela Santo Padre Pio, situada na Vila dos Sargentos.

ESPORTE

- CENTRO COMUNITÁRIO ESPORTIVO DE ITAPUÃ
O espaço do Centro Comunitário era inicialmente chamado de Campo de Itapuã. Na década de 80, passou a se chamar Estádio de Futebol de Itapuã. Por fim, há cerca de cinco anos, o espaço ganhou o nome atual. Nele se concentram atividades de caratê, capoeira, boxe, tae-kwon-do, ginástica e futebol, entre outros, atendendo a um público de idade diversificada. Aos domingos, o centro disponibiliza suas atividades para a comunidade.

- CASSAS
Além de desenvolver atividades esportivas para os associados, o clube também aluga seu espaço para a realização de eventos, e desenvolve atividades junto à paróquia de Itapuã. Entre as atividades esportivas disponíveis para os associados, destacam-se hidroginástica, natação, caratê e futebol, e cujo acesso se dá através do pagamento de uma taxa preferente a cada uma dessas atividades.

- FEDERAÇÃO DE LUTA OLÍMPICA DO ESTADO DA BAHIA
A Federação surgiu a partir de um grupo de amigos que se reunia para lutar boxe, utilizando uma garagem de sua casa para realizar os treinos. Atualmente possui uma sede própria, localizada na Travessa do Jenipapeiro, e conta com o apoio de Minotauro, um dos grandes campeões em Vale Tudo. Esse espaço atende desde crianças a adultos, e, recentemente, foi construída uma sala especialmente projetada para trabalhos sociais com crianças de escolas municipais das proximidades.

FESTEJOS

- LAVAGEM DE ITAPUÃ
Este é um momento especial para o bairro. Fanfarras passam pelas ruas, os mais animados já arriscam os primeiros passos de danças de carnaval, e, em frente à Igreja da Nossa Senhora da Conceição, as baianas lavam as escadarias e o batente do templo. As portas da Igreja ficam fechadas, enquanto os adeptos da fé sincrética fazem uma verdadeira faxina na entrada do prédio, na verdade, uma faxina espiritual. Não muito longe dali, há uma extensa fila de trios elétricos, que começam a passar o som. Isso já constitui um show à parte. Muita gente fica olhando as carretas, esperando ver um artista ou banda famosos. A festividade teve início há cerca de 100 anos. Nasceu de uma homenagem anual que os pescadores faziam a Yemanjá, divindade de origem ketu sincretizada com Nossa Senhora da Conceição. A partir da década de 50, a festa começou a ser influenciada pelo carnaval, algo que a fez sobreviver até os dias de hoje, como uma data festiva que mora no limbo entre o sagrado e o profano. A festa, como o Carnaval, não tem data certa para acontecer, varia em função do calendário religioso, mas ocorre sempre nas primeiras semanas do ano, antes da folia momesca.

- CARNAVAL DE ITAPUÃ
Itapuã sempre fez o seu próprio carnaval. Blocos como Os Tabaréus, Os Ridículos e o Peruca de Boi fazem parte das lembranças dos foliões “itapuãnzeiros”. Com o passar do tempo, o carnaval de Itapuã passou a concorrer com o carnaval do centro da cidade, o que fez a festa mudar de perfil. Atualmente, a folia ocorre em palco armado no Parque do Abaeté. Diversas correntes culturais do bairro têm projetos para que o carnaval volte para a praça, dada a centralidade e a tradição de se realizar a festa no local, em frente à Igreja da Nossa Senhora da Conceição.

- FESTA DA BALEIA
A Festa da Baleia foi idealizada em 1987 pelo compositor e escritor Waly Salomão, com o objetivo de resgatar uma parte importante da história do bairro através da alegoria visual. A baleia foi escolhida por ter sido o pilar da primeira atividade econômica relevante de Itapuã, e por ser, também, um símbolo da preservação ambiental. A Festa começa no sábado de carnaval, quando é representada a chegada de uma baleia feita de papel, madeira e tecido, réplica de um filhote da espécie Jubarte. A baleia chega de barco, conduzida pelos pescadores, e segue em cortejo até o lugar onde ficará exposta. Na quarta-feira de cinzas, a Baleia retorna ao mar, com um cortejo liderado pelo bloco afro Male Debalê.

- MISSA DO ANZOL
Todo ano, no dia 29 de junho, Itapuã acorda sob o pipocar de fogos. É o início de uma expectativa para o recomeço de uma tradição que se repete há dezenas de anos. Trata-se da Missa do Anzol ou de São Pedro. É a data comemorativa do dia dos pescadores e de seu santo padroeiro. Como reza a tradição, o 29 de junho é o dia de São Pedro dividir o altar com Nossa Senhora da Conceição, pelo menos até sair carregado em procissão marítima até à maior colônia de pescadores de Salvador, a Z-6, localizada no bairro. O percurso não é tão longo. São apenas cerca de 500 metros da Igreja até o barracão da colônia. A imagem do santo fica no barracão por dois dias. Nesse período, os fiéis se revezam em rezas e agradecimentos pelas graças alcançadas. O evento conta com a colaboração do grupo das ganhadeiras, que se juntam aos pescadores pedindo graças a São Pedro. Talvez a maior graça que poderia ser alcançada fosse uma maior generosidade do mar. A pesca, a cada ano, vai ficando mais escassa.

- PRESENTE DE OXUM
O presente de Oxum ocorre todo ano no mês de outubro. São centenas de devotos e foliões que acompanham pelas ruas do bairro o cortejo do balaio, com oferendas para a orixá de origem Ketu. Nos últimos anos, a obrigação tem sido realizada pelo terreiro mina-jêge Guerebetan Soagboadã, dirigido pelo pai-de-santo Zé de Bessém, em Nova Brasília de Itapuã. A parte da festa aberta ao público tem início pela manhã, quando os fiéis entoam cânticos à orixá da água doce, dançando em sua homenagem em volta do balaio com as oferendas.
A partir daí, ganham as ruas da Nova Brasília e descem a Ladeira do Abaeté. Lá, novamente são entoados cânticos religiosos e depois, durante o intervalo para o almoço, há samba-de-roda e muita folia: afinal é momento de celebrar. Mais tarde, lá pelas 16 horas, o presente é depositado no meio da lagoa, pelo pessoal que nada até chegar à profundidade de cinco metros, onde tradicionalmente o presente é colocado. O presente de Oxum se perde na tradição oral do bairro, sendo tão antigo quanto este. Outros eventos religiosos têm ganhado força na lagoa, como o batismo realizado por várias igrejas evangélicas, em ocasiões que chegam a reunir três mil pessoas.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Lagoa Abaeté




A noite tá que é um dia

Diz alguém olhando a lua

Pela praia as criancinhas

Brincam à luz do luar

O luar prateia tudo

Coqueiral, areia e mar

A gente imagina quanto

A lagoa linda é

A lua se namorando

Nas águas de Abaeté

(Dorival Caymmi - "A Lenda do Abaeté")

A lagoa de água escura cercada de dunas de areia branca, imortalizada pelas canções de Dorival Caymmi, é a grande atração de Itapoã. Um dos mais conhecidos cartões-postais da cidade, a Lagoa do Abaeté resulta do represamento de antigos rios que corriam na região e do acúmulo de água de chuva. Uma curiosidade é que a água tem temperatura diferente em vários trechos, resultante de correntes que não se misturam. A profundidade chega aos cinco metros, e a coloração escura é determinada pelos minerais e microorganismos presentes em toda a extensão da lagoa. As dunas são formadas pelo acúmulo de areia vinda da Praia de Itapoã e adjacências foram emolduradas, com o passar do tempo, por cobertura vegetal. Essa vegetação desempenha um importante papel na preservação da flora local, e entre as espécies mais encontradas estão orquídeas (algumas de espécies raras) e árvores frutíferas, como goiabeiras e cajueiros. A área de Proteção Ambiental desde 1987, é um dos maiores centros de lazer ecológico do Nordeste.O Parque do Abaeté ocupa uma área de 400 hectares, e desde que foi criado, em 1993, passou a ser um importante pólo de lazer ecológico de Salvador. A área urbanizada, quase metade do total do parque, reúne atrativos, naturais e culturais, como Casa da Música, lanchonetes, restaurantes, lojas de artesanato, playground e 17 quiosques para a venda de coco e de comidas típicas. Na Casa da Música da Bahia estão reunidos documentos que contam a história da música baiana, em acervos de música, vídeo, fotos, livros e instrumentos musicais. Logo na entrada quem recebe os visitantes é a "fobica", utilizada por Dodô e Osmar na criação do trio elétrico, decorada como na época. Tem também a Casa das Lavadeiras, uma iniciativa para evitar a poluição da água com lavagem de roupa sem retirar do local as mulheres que há anos sustentam as famílias usando a água da lagoa. Para tornar a labuta menos árdua, as lavadeiras costumam cantar e organizam festas religiosas. O Abaeté é, inclusive, porto de diversas manifestações de cultos afro-baianos, que utilizam o local para deixar oferendas a Oxum, o orixá da água doce. E palco de lendas também: uma delas conta que, às margens da lagoa, é possível ouvir sons de atabaques de candomblé sem que se identifique sua origem. Um resgate dessas lendas foi feito a partir de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Salvador e o bloco afro Malê Debalê. Estudantes entrevistaram lavadeiras, moradores e pescadores do bairro e escreveram o livro Lendas e magias da Lagoa do Abaeté, que está sendo utilizado como material didático na rede pública de ensino. Esse é apenas um dos projetos de resgate da história do bairro, já está em fase de preparação a próxima publicação: História de Pescadores.

Itapoã: Um bairro de tradição, cultura e beleza


Em Tupi Guarani, Itapoã quer dizer "pedra que ronca". Conta a história que uma pedra roncava, na praia de Itapoã, sempre que a maré estava vazante e isso acabou dando origem ao nome ao bairro, um dos mais famosos de Salvador. No início da década de 50, Itapoã era apenas uma colônia de pescadores em uma região afastada do centro de Salvador. A praia passou a ser ponto de veraneio predileto dos soteropolitanos e hoje é um dos bairros mais populosos e populares da capital baiana. Se nos dias atuais a tranqüilidade dos tempos passados já não existe mais, a urbanização não substituiu o encanto e o romantismo de Itapoã. Ainda vale e vai valer em qualquer tempo, seguir o conselho dado em 1969 na canção composta por Toquinho e Vinícius de Moraes: colocar um velho calção de banho e passar uma tarde ao sol que arde em Itapoã. E a labuta dos pescadores no mar ainda é espetáculo de manhã cedo e nos fins de tarde. A Colônia Z-6 tem 2.800 pescadores cadastrados, que tiram do mar o sustento para a família. Por tudo isso, embora o cenário que inspirou tantos poetas tenha mudado bastante, Itapoã continua o lugar perfeito para falar de amor. Ou, para quem está longe, lembrar saudoso como Dorival Caymmi, em Saudade de Itapoã "Coqueiro de Itapoã - coqueiro! Areia de Itapoã - areia! Morena de Itapoã - morena! Saudade de Itapoã - me deixa!".

Os distantes 21 quilômetros que separam Itapoã do centro de Salvador já não são mais percebidos depois da estrada de asfalto que liga toda a orla de Salvador. A paisagem composta de outras belas praias ajuda o passageiro a não sentir a viagem: Barra, Ondina, Rio Vermelho, Amaralina, Pituba, Chega Negro, Armação, Itapoã. Chegando lá, o visitante encontra uma boa infra-estrutura em hotéis e pousadas. Localizada numa espécie de enseada de águas claras, Itapoã tem o mar calmo e areias enfeitadas por coqueiros. E tem coisas que só acontecem lá. Segunda- feira, por exemplo, é dia de reunir os times de futebol da vizinhança para aquele show de bola. O tradicional Baba da Ressaca reúne, logo na manhã seguinte ao agitado domingo, jogadores selecionados entre os moradores do bairro, sendo mais um ponto de encontro da comunidade do bairro. Os times se enfrentam na Associação dos ex-combatentes para curar a ressaca de domingo.

Lá também fica a Capela de São Francisco, uma das mais antigas construções da Bahia, erguida por ordem de Francisco Dias D'Avila, Senhor da Torre, para abrigar a imagem de Santo Antônio Argoin. A Lavagem de Itapoã, a última do ciclo de festas populares da Bahia antes do Carnaval, é uma homenagem à Nossa Senhora da Conceição, padroeira do bairro. A praça mais famosa chama-se Dorival Caymmi, também nome de uma das principais avenidas. Um outro point famoso fica no Largo de Itapoã: a barraca de Cira, famosa baiana de acarajé, atrai muitos turistas, artistas, políticos e gente da terra. Itapoã é emoldurada ainda por belas praias, o Farol de listras vermelhas e a famosa Lagoa do Abaeté.

Dentre as várias lendas e histórias fantásticas que ajudam a contar a história do bairro, ainda lembradas nas prosas dos pescadores e moradores mais antigos, está uma que teria acontecido na década de 40. Dizem que cerca de 15 mil homens desembarcaram de navios ingleses, neste trecho do litoral baiano, para escapar da artilharia alemã. Quando passou o perigo, alguns marujos retornaram ao mar, mas cerca de 200 deles se recusaram a deixar o local. Afinal, estavam diante de um verdadeiro "paraíso perdido".